Entre ortodoxos e heteredoxos

>> quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Ao ingressar na faculdade de economia nos deparamos com enormes diferenças entre as linhas de pensamento, a ciência econômica por se tratar de uma ciência social aplicada apresenta uma série de respostas para a mesma pergunta, diferentemente das ciências exatas. Isso permite que a academia seja rodeada de correntes das mais diversas escolas de pensamento, gerando choques de visões. Primeiramente é importante destacar as principais escolas do pensamento econômico: clássicos, neoclássicos, keynesianos, novos keynesianos, monetaristas, austríacos entre outros.

Assim, para todo tema econômico há pelo menos duas opiniões divergentes. Como diz aquela piada sobre economistas “Se você colocar dois economistas em uma sala e pedir sugestões sobre um dado assunto, você terá pelo menos três opiniões distintas”. Para a inflação, por exemplo, um dos temas mais importantes da economia brasileira nas últimas décadas, há uma variedade de explicações. Se a inflação de hoje é meramente o resultado da inflação de ontem, o quê explica esta? Por que são altos os juros no Brasil? O que causa o crescimento econômico? Por que alguns países são ricos e outros são tão pobres? Perguntas para as quais existe uma grande variedade de respostas.

Ampliando o entendimento do caso podemos afirmar que existiriam dois grandes grupos de economistas: os ortodoxos, que seriam aqueles que acreditam que o livre mercado seria capaz de resolver os reais problemas da nossa sociedade, e os economistas heterodoxos – em parte - pensam que o Estado deve atuar de forma mais direta, para os últimos o Estado seria um importante indutor da economia, onde através do planejamento estatal seriam traçadas políticas que visassem não só o crescimento, mas também o desenvolvimento econômico.

Recorrendo ao dicionário, ortodoxia são as doutrinas primeiras, as ditas “verdadeiras”, é comum na academia denominar de "Ortodoxia" as correntes predominantes ao longo de todo o desenvolvimento da ciência econômica (Economia Política Clássica, Escola Neoclássica, Síntese Neoclássica da Teoria Geral Keynesiana, Monetarismo e Novo-Clássico), também conhecida como o mainstream da economia, defendida pelos grandes centros acadêmicos, e "heterodoxia" as correntes de oposição, são as doutrinas seguintes, aquelas discordam da ortodoxia sendo os principais exemplos os keynesianos.

O pensamento ortodoxo segue a linha de criação dos famosos modelos, onde se tenta simplificar a realidade, esta metodologia é considerada a forma mais didática de se explicar o funcionamento da economia. Assim para eles a pesquisa econômica deveria ser pautada na elaboração de modelos que expliquem a realidade. Esta corrente foi a principal responsável por inserir a linguagem matemática na economia, levando a um grande avanço no estudo desta ciência. Assim, entre outras coisas, eles defendem a neutralidade da moeda e a tendência natural ao equilíbrio econômico em pleno emprego. Para estes existe uma força que ajusta o mercado de forma livre, sem a necessidade de pressões do estado, a “mão invisível”. A Teoria do Equilíbrio Geral é um dos pilares da ideologia, segundo a qual o livre funcionamento do mercado, com a flexibilidade de preços e de fatores de produção leva ao ponto de eficiência máxima.

Já o pensamento heterodoxo diverge de forma explícita da abordagem dos ortodoxos, para eles a economia não deve ser compreendida através de modelos “Como não se pode transformar a complexidade das relações econômicas em um modelo anacrônico, o melhor mesmo é não fazer seu uso”. Os economistas ditos heterodoxos, seja de qual corrente, se preocupam mais em humanizar os grandes problemas econômicos, em deixar a formalização matemática em segundo plano, e em defender a multidisciplinaridade entre as ciências sociais para uma melhor observação da vida e da sociedade humana.

Assim se faz a disputa entre economistas, cada qual defendendo o seu lado ferrenhamente, buscando, através do arcabouço teórico que segue levar a economia a um nível de maior desenvolvimento.

Mas existe uma corrente que detêm a verdade absoluta? A resposta possivelmente é não! As linhas de pensamento mostradas no texto apresentam grandes diferenças no modo como veem o mundo, cada uma buscando a melhor forma de solucionar os problemas econômicos da humanidade. Na ciência econômica existem várias verdades, cabe a nós escolher a verdade que melhor cabe a cada situação. Assim, é necessário que o jovem economista se aprofunde nessas questões buscando compreender como se desenrola essa história, tendo grande atenção para o que cada escola defende, escolhendo o pensamento que respeite os conceitos básicos da Teoria Econômica (teoria microeconômica clássica, teoria da macroeconomia keynesiana e os princípios da teoria do desenvolvimento capitalista, que estão de alguma forma presentes em um bom texto de introdução a economia), e que sempre leve em conta as consequências das atitudes tomadas, e como disse Henry Hazlit, "a arte da economia está em considerar não só os efeitos imediatos de qualquer ato ou política, mas, também, os mais remotos; está em descobrir as consequências dessa política, não somente para um único grupo, mas para todos eles".

Rodrigo Daniel Borges de Jesus
Graduando em Ciências Econômicas
Universidade Federal de Goiás - UFG

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